O PROCESSO DE (DES)NATURALIZAÇÃO DAS PRÁTICAS PUNITIVAS A PARTIR DA PROMULGAÇÃO DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE E DA LEI 13.010/2014

Autores

Resumo

O estudo apresenta uma revisão sistemática de literatura, cujo objetivo foi analisar os processos históricos de (des)naturalização da violência física contra crianças e adolescentes no âmbito familiar contextualizando tais práticas com o advento do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), promulgado em 1990 e da Lei 13.010/2014. Foram selecionados vinte artigos da base de dados Scielo que foram analisados tendo como referência a análise de conteúdo temático-categorial. Os resultados apontaram que o ECA e a Lei 13.010/2014 são importantes dispositivos de desnaturalização dessa violência, contudo, o enfrentamento de tal realidade ainda permanece como um desafio para as políticas públicas de saúde, educação e assistência social. Observou-se que o castigo físico naturalizado ao longo da história como prática educativa legitimada na família ainda opera e resiste a novos modelos educacionais.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Rebeca Valadão Bussinger, Universidade Federal do Sul da Bahia, Teixeira de Freitas, Bahia, Brasil.

    Doutora em Psicologia, docente, Universidade Federal do Sul da Bahia, Teixeira de Freitas, Bahia, Brasil,

  • Roberta Scaramussa da Silva, Universidade Federal do Sul da Bahia, Teixeira de Freitas, Bahia, Brasil,

    Mestre em Psicologia, docente, Universidade Federal do Sul da Bahia, Teixeira de Freitas, Bahia, Brasil,

  • Bruna de Almeida Costa, Universidade Federal do Sul da Bahia, Teixeira de Freitas, Bahia, Brasil,

    Discente do Curso de Psicologia da Universidade Federal do Sul da Bahia, Teixeira de Freitas, Bahia, Brasil, 

Referências

APOSTOLICO, Maíra Rosa; HINO, Paula; EGRY, Emiko Yoshkawa. As possibilidades de enfrentamento da violência infantil na consulta de enfermagem sistematizada. Rev. esc. enferm. USP, São Paulo, v. 47, n.2, p. 320-327, abr. 2013.

BAZON, Marina Rezende; FALEIROS, Juliana Martins. Identificação e Notificação dos Maus-tratos Infantis no Setor Educacional. Paidéia, Ribeirão Preto, v. 23, n. 54, p. 53-61, abr. 2013.

BRITO, Ana Maria M. Violência doméstica contra crianças e adolescentes: estudo de um programa de intervenção. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 10, n. 1, p. 143-149, mar. 2005.

COSTA, Jurandir Freire. Ordem médica e norma familiar. 5. ed. Rio de Janeiro: Edições Graal, 2004.

DAVOLI, Adriana, et al. Prevalência de violência física relatada contra crianças em uma população de ambulatório pediátrico. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 10, n. 1, p. 92-98, mar. 1994.

DESLANDES, Suely F. Atenção a crianças e adolescentes vítimas de violência doméstica: análise de um serviço. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 10, supl. 1, p. 177-187, 1994.

DONOSO, Miguir Terezinha Vieccelli; RICAS, Janete. Perspectiva dos pais sobre educação e castigo físico. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 43, n. 1, p. 78-84, fev. 2009.

EGRY, Emiko Yoshikawa, et al. Enfrentar a violência infantil na Atenção Básica: como os profissionais percebem? Rev. Bras. Enferm. Brasília, v. 70, n. 1, p. 119-125, fev. 2017.

EGRY, Emiko Yoshikawa; APOSTOLICO, Maíra Rosa; MORAIS, Tereza Christine Pereira. Notificação da violência infantil, fluxos de atenção e processo de trabalho dos profissionais da Atenção Primária em Saúde. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 23, n. 1, p. 83-92, jan. 2018.

FONSECA, Rosa Maria Godoy Serpa, et al. Reincidência da violência contra crianças no Município de Curitiba: um olhar de gênero. Acta paul. enferm., São Paulo, v. 25, n. 6, p. 895-901, 2012.

FREITAS, Marcos Cezar de. História social da infância no Brasil. 6 ed. São Paulo: Cortez, 2006.

GOMES, Romeu, et al. Por que as crianças são maltratadas?: Explicações para a prática de maus-tratos infantis na literatura. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 18, n. 3, p. 707-714, jun. 2002.

GOMES, Vera Lúcia de Oliveira; FONSECA, Adriana Dora da. Dimensões da violência contra crianças e adolescentes, apreendidas do discurso de professoras e cuidadoras. Texto contexto - enferm., Florianópolis, v. 14, número especial, p. 32-37, 2005.

GUERRA, Viviane Nogueira de Azevedo. Dez lições sobre a violência de pais contra filhos. Lua Nova, São Paulo, v. 3, n. 2, p. 38-45, dez. 1986.

LEITE, Miriam L. Moreira. A infância no século XIX segundo memórias e livros de viagem. In: FREITAS, Marcos Cezar (org.). História social da infância no Brasil. 6 ed. São Paulo: Cortez, 2006.

LEMOS, Flávia Cristina Silveira. O Estatuto da Criança e do Adolescente no Brasil atual. Rev. psicol. polít., São Paulo, v. 8, n. 15, p. 93-106, jun. 2008.

LIMA, Raymundo de. Lei da Palmada: algumas considerações. Revista Espaço Acadêmico, Maringá, vol. 11, n. 130, p. 95-100, 2012.

LONGO, Cristiano da Silveira. Ética disciplinar e punições corporais na infância. Psicol. USP, São Paulo, v.16, n.4, p. 99-119, 2005.

MARTINS, Christine Baccarat de Godoy. Maus tratos contra crianças e adolescentes. Rev. Bras. Enferm, Brasília, v.63, n.4, P. 660-665, jul./ago. 2010.

MARTINS, Christine Baccarat de Godoy; JORGE, Maria Helena Prado de Mello. Maus-tratos infantis: um resgate da história e das políticas de proteção. Acta paul. enferm., São Paulo, v. 23, n. 3, P. 417-422, jun. 2010.

MINAYO, Maria Cecília de Souza. Violência contra crianças e adolescentes: questão social, questão de saúde. Rev. Bras. Saúde Mater. Infant., Recife, v. 1, n. 2, p. 91-102, ago. 2001.

MOREIRA, Gracyelle Alves Remigio et al. Fatores associados à notificação de maus-tratos em crianças e adolescentes na atenção básica. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 19, n. 10, p. 4267-4276, out. 2014.

NUNES, Antonio Jakeulmo; SALES, Magda Coeli Vitorino. Violência contra crianças no cenário brasileiro. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 21, n. 3, p. 871-880, mar. 2016.

OLIVEIRA, Denise Cristina de. Análise de conteúdo temático-categorial: uma proposta de sistematização. Revista enfermagem UERJ, Rio de Janeiro, v.16, n.4, p. 569-762, out./dez. 2008.

OLIVEIRA, Paula Sarreira de; SIMOES, Aida. Maus-tratos à infância: As referências dos técnicos das Comissões de Proteção de Crianças e Jovens [CPCJ]. Revista Portuguesa de Enfermagem de Saúde Mental, Porto, número especial, p. 82-89, abr. 2014.

PEREIRA, Paulo Celso; WILLIAMS, Lúcia Cavalcanti de Albuquerque. A concepção de educadores sobre violência doméstica e desempenho escolar. Psicol. Esc. Educ., Campinas, v. 12, n. 1, p. 139-152, jun. 2008.

PINTO JUNIOR, Antônio Augusto; CASSEPP-BORGES, Vicente; SANTOS, Janielly Gonçalves dos. Caracterização da violência doméstica contra crianças e adolescentes e as estratégias interventivas em um município do Estado do Rio de Janeiro, Brasil. Cad. saúde colet., Rio de Janeiro, v. 23, n. 2, p. 124-131, jun. 2015.

WEBER, Lidia Natalia Dobrianskyj; VIEZZER, Ana Paula; BRANDENBURG, Olivia Justen. O uso de palmadas e surras como prática educativa. Estud. Psicol., Natal, v. 9, n. 2, p. 227-237, ago. 2004.

Downloads

Publicado

2021-01-11

Edição

Seção

ARTIGO

Como Citar

O PROCESSO DE (DES)NATURALIZAÇÃO DAS PRÁTICAS PUNITIVAS A PARTIR DA PROMULGAÇÃO DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE E DA LEI 13.010/2014. Revista da Faculdade de Educação, [S. l.], v. 34, n. 2, p. 243–263, 2021. Disponível em: https://periodicos.unemat.br/index.php/ppgedu/article/view/5158.. Acesso em: 20 dez. 2024.