Políticas linguísticas e revitalização de línguas em espaços de fronteira: perspectivas teóricas e o caso da língua bésiro
DOI:
https://doi.org/10.30681/rtakaa.v3i1.14419Palavras-chave:
Bésiro, Diversidade linguística, Fronteira, Políticas linguísticas, RevitalizaçãoResumo
Este artigo analisa, sob uma perspectiva teórica e crítica, as políticas linguísticas voltadas à revitalização de línguas minorizadas, com ênfase especial na língua Bésɨro (Chiquitano), falada por comunidades Monkoxi localizadas entre o Brasil e a Bolívia. A pesquisa fundamenta-se nos aportes de estudiosos como Calvet (2007), Haugen (1983), Fishman (1991), Spolsky (2004), Hamel (2013), Maher (2019) e outros autores que discutem as dimensões sociopolíticas, ideológicas, culturais e históricas das políticas linguísticas e do planejamento linguístico. Sustenta-se que a revitalização de línguas em espaços de fronteira depende fortemente de políticas articuladas entre Estado, instituições educacionais e comunidades locais, bem como, de uma compreensão aprofundada das relações de poder, identidade e pertencimento envolvidas no uso das línguas minorizadas. O estudo propõe uma reflexão crítica sobre as políticas de língua na América Latina, ressaltando a importância da implementação de políticas pluricêntricas, interculturais, inclusivas e sustentáveis, fundamentais para o fortalecimento e a preservação da diversidade linguística regional.
Downloads
Referências
BENTES, Anna Christina. Linguagem e poder: variação, identidade e exclusão. In: CALVET, Louis-Jean; BENTES, Anna Christina (org.). Linguagem e sociedade: estudos de sociolinguística. São Paulo: Parábola Editorial, 2005. p. 25–46.
BOURDIEU, Pierre. Language and symbolic power. Cambridge: Polity Press, 1991.
CALVET, Louis-Jean. As políticas linguísticas. São Paulo: Parábola Editorial, 2007.
CARVALHO, Rebeca Ferreira. O contato linguístico entre o português e o espanhol na fronteira Brasil-Bolívia: um estudo sobre variação lexical no contexto do Mato Grosso. Cuiabá: UFMT, 2024.
DA SILVA, Maria; KARIM, João. Contato linguístico e identidade na comunidade de Corixa (MT). Revista de Estudos da Linguagem, Belo Horizonte, v. 27, n. 3, p. 512–530, 2019.
FISHMAN, Joshua A. Reversing language shift: theoretical and empirical foundations of assistance to threatened languages. Clevedon: Multilingual Matters, 1991.
HAMEL, Rainer Enrique. Políticas linguísticas na América Latina. Revista Brasileira de Linguística Aplicada, Belo Horizonte, v. 13, n. 3, p. 927–954, 2013.
HAUGEN, Einar. The implementation of corpus planning: theory and practice. In: COBARRUBIAS, Juan; FISHMAN, Joshua (ed.). Progress in language planning. Berlin: Mouton, 1983. p. 269–289.
HELLER, Monica. Paths to post-nationalism: a critical ethnography of language and identity. Oxford: Oxford University Press, 2011.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo 2022: Brasil tem 391 etnias e 295 línguas indígenas. Agência IBGE, 2025. Disponível em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/44848-censo-2022-brasil-tem-391-etnias-e-295-linguas-indigenas. Acesso em: 01 nov. 2025.
INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL (ISA). Troncos e famílias. 2016. Disponível em: <https://pib.socioambiental.org/pt/c/no-brasil-atual/linguas/troncos-e-familias>. Acesso em: 15 set. 2016.
LARA, Camila; KARIM, João. Fronteiras linguísticas e intercompreensão nas cidades gêmeas Cáceres (Brasil) e San Matías (Bolívia). Revista de Estudos Fronteiriços, Corumbá, v. 9, n. 1, p. 101–122, 2022.
LIDDICOAT, Anthony; BALDAUF, Richard. Language planning and policy: theory and practice. Bristol: Multilingual Matters, 2008.
LÓPEZ, Luis Enrique. Educação intercultural bilíngue na América Latina. México: UNESCO, 2010.
MAHER, Terezinha de Jesus. Políticas linguísticas e justiça social. Campinas: Mercado de Letras, 2019.
MAY, Stephen. Language and minority rights: ethnicity, nationalism and the politics of language. New York: Routledge, 2012.
OLIVEIRA, Gilvan Müller de. Política linguística e diversidade no Brasil. Brasília: IPOL, 2020.
PÉREZ, María Elena. Revitalización lingüística del besiro: experiencias comunitarias en la Chiquitania boliviana. Revista Latinoamericana de Lingüística Aplicada, La Paz, v. 15, n. 2, p. 55–78, 2021.
PHILLIPSON, Robert. Linguistic imperialism. Oxford: Oxford University Press, 1992.
RIBEIRO, Darcy. Os índios e a civilização. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
RODRIGUES, Aryon Dall’Igna. Línguas brasileiras: para o conhecimento das línguas indígenas. São Paulo: Loyola, 1986.
RODRIGUES, Aryon Dall’Igna. Línguas indígenas: o que resta e o que se perde. Revista USP, São Paulo, n. 19, p. 58–71, 1993.
SKUTNABB-KANGAS, Tove. Linguistic genocide in education – or worldwide diversity and human rights? Mahwah: Lawrence Erlbaum Associates, 2000.
SPOLSKY, Bernard. Language policy. Cambridge: Cambridge University Press, 2004.
OLIVEIRA, Fabiana Soares de. Educação e identidade chiquitana: práticas escolares e fronteira cultural em Mato Grosso. Cuiabá: Universidade Federal de Mato Grosso, 2019. Dissertação (Mestrado em Educação) – Instituto de Educação, Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, 2019.
PAULA, Aldir Santos de. A morfologia nas pesquisas sobre línguas indígenas no Brasil. In: SANTOS, Braulino Pereira de (org.). Morphology and Lexicon Attack the Words. Salvador: UNEB, 2020.
PEREIRA, Lúcia Helena da Silva. A língua chiquitana (bésɨro) e a escola: desafios da educação bilíngue em comunidades de fronteira. Cáceres: Universidade do Estado de Mato Grosso, 2021. Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura Intercultural Indígena) – Universidade do Estado de Mato Grosso, 2021.
SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DE MATO GROSSO (Seduc-MT). Seduc entrega às escolas indígenas livros para alfabetização em língua materna. Cuiabá, 2024. Disponível em: https://www.cge.mt.gov.br/web/seduc/w/seduc-entrega-às-escolas-indígenas-livros-para-alfabetização-em-língua-materna. Acesso em: 01 nov. 2025.
TAPIRAPÉ, Klebson Awararawoo’i; CRUZ, Mônica Cidele. da . (2024). Roça tradicional como política de fortalecimento da língua Apyãwa. Revista Taka’a, 1, e2023008. https://periodicos.unemat.br/index.php/rtakaa/article/view/12560 Acesso em: 05 nov. 2025.





