Entre o corpo e o sagrado: espiritualidade feminina e cuidado de enfermagem na saúde mental indígena

Resumo

O estudo analisa através de uma revisão bibliográfica a relação entre espiritualidade, gênero e saúde mental nas comunidades indígenas Sateré-Mawé (AMISM), com ênfase na atuação da enfermagem como prática intercultural e humanizada de cuidado. O objetivo consiste em investigar como os saberes espirituais e as cosmologias femininas influenciam o equilíbrio psicossocial, propondo um olhar ampliado sobre o cuidado em saúde mental. A pesquisa, de natureza bibliográfica e abordagem qualitativa, fundamenta-se em referenciais antropológicos e etnográficos, articulando a espiritualidade como dimensão terapêutica e epistemológica do cuidado. A análise interpretativa demonstra que a espiritualidade feminina atua como força estruturante da coesão comunitária e da preservação da saúde emocional coletiva, sustentando redes de solidariedade e de resistência frente às tensões históricas e culturais. Os resultados indicam que a enfermagem, ao dialogar com os saberes tradicionais, amplia sua função ética, epistemológica e política, tornando-se mediadora entre ciência e ancestralidade. O estudo reafirma que o reconhecimento da espiritualidade, como parte constitutiva da saúde mental possibilita práticas psicossociais mais sensíveis e integradoras, contribuindo para a humanização do cuidado e para a valorização das epistemologias indígenas. Conclui-se que a espiritualidade, ao ser compreendida como linguagem terapêutica e cultural, redefine o papel da enfermagem, promovendo um modelo de atenção que respeita o território simbólico das mulheres indígenas e fortalece os vínculos entre corpo, fé e comunidade.