Letramento acadêmico: reflexões sobre a produção de gêneros acadêmicos por estudantes indígenas em uma licenciatura em Educação do Campo
DOI:
https://doi.org/10.30681/reps.v10i1.10152Resumo
Nesta monografia, analisamos as dificuldades relacionadas à escrita de gêneros acadêmicos por alunos indígenas do curso de Licenciatura em Educação do Campo - Habilitação em Artes e Música, da Universidade Federal do Tocantins, campus de Tocantinópolis, buscando discutir o letramento acadêmico a partir da maneira que os alunos indígenas veem os gêneros acadêmicos, bem como suas principais dificuldades no momento de produzir textos desses gêneros. O estudo ancora-se nas teorias do letramento, mais especificamente na perspectiva do letramento acadêmico dos autores Marildes Marinho, Vigínia Zavala, Mary Rozalind Lea e Brian Vincent Street. Considerando que ainda é reduzido o número de pesquisas cujo escopo é o letramento acadêmico, o desenvolvimento da investigação poderá ajudar a compreender as reais dificuldades dos discentes indígenas universitários no tocante à produção de gêneros acadêmicos, podendo ainda sugerir ações ou propostas capazes de dar subsídios a esses discentes na universidade, de modo que possam melhorar as capacidades de leitura e escrita dos diferentes gêneros acadêmicos. Trata-se de uma pesquisa de campo, de abordagem qualitativo-interpretativista. Os dados do estudo são constituídos de entrevistas e questionários semiestruturados com 09 (nove) discentes indígenas, do 6° período do curso focalizado, além de exemplares do gênero Diário de processo criativo produzidos pelos indígenas colaboradores da pesquisa na disciplina de Seminário Integrador II, no ano de 2016/2, quando a turma cursava o 2° período. Os resultados da investigação apontaram que uma das principais dificuldades encontradas pelos alunos indígenas no espaço da academia é o uso da Língua Portuguesa, tanto a forma escrita como a oral, e assim os mesmos se utilizam bastante da variedade popular na escrita. O professor-orientador tem um papel fundamental na construção/desenvolvimento da vida acadêmica dos estudantes, uma vez que acaba sendo o responsável pela potencialização e direção da formação do aluno. Portanto, pelo trabalho desenvolvido envolvendo a produção do gênero acadêmico analisado utilizando o método “a escrita como trabalho” a partir da proposta de Renilson José Menegassi pode-se afirmar que o professor-orientador se torna um agente de letramento. Os resultados também contribuem para que possam ser sugeridas ações capazes de ajudar os indígenas tanto na produção de gêneros escritos quanto de gêneros orais, contribuindo para a permanência dos estudantes indígenas na universidade.
Palavras-chave: Escrita. Letramento acadêmico. Indígenas. Educação do Campo.Downloads
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