Formação docente e pedagogia triangular:

os encontros e desencontros frente a polissomia de vozes e saberes

Autores

DOI:

https://doi.org/10.30681/reps.v13i3.6438

Palavras-chave:

Educação, Filosofia da Educação, Formação Docente, Pedagogia Triangular

Resumo

A formação docente é pauta significativa quando se trata em discutir a educação como meio para a convivência hospitaleira. Os fundamentos sócio-históricos e filosóficos que circundam a formação são basilares para a construção de um sujeito crítico. Problematiza-se a perspectiva positivista frente ao modo de interpretar a vida humana como uma perspectiva instrumental monolíngue e monocultural. Essa compreensão colocou ênfase a apenas um aspecto da vida e atribuiu status menor às compreensões e saberes que não coadunam com o escopo unilateral da racionalidade. Restrita a esse padrão, a formação docente formata um profissional tecnicista e, por isso mesmo, desconectado do mundo da vida. Esse, idealiza uma concepção unilateral de escola, de aluno, de conhecimento e de formas de ensinar e gerir a escola. A perspectiva estereotipada dificulta a compreensão do Lebenswelt e de suas circunstancialidades. Os déficits na compreensão das realidades vividas é aspecto importante para a formação docente sendo possível detectar os malefícios que dificultam a dialogicidade entre as diferentes formas de pensar e construir uma educação plural. Ante a inconformidade dos processos formativos unilateralizantes e patologizante, o texto expõe, a partir de uma guinada epistemológica o significado de uma pedagogia com base em uma triangularidade. Tal proposta parte do deslocamento do eixo gravitacional e geocultural do Mediterrâneo ao Atlântico. A noção de triangularidade salienta que não há uma única forma de compreender o mundo e consolidar vínculos. Daí, então, a necessidade de se fazer uma justeza histórica e geo-cultural incluindo os olhares afro-ameríndios. A compreensão dos diferentes saberes perpassa a formação de um docente na perspectiva de uma justiça curricular prestada aos saberes até então não abordados nos cursos. Eduardo Gruner abre caminho a uma compreensão na qual todos os sujeitos possam falar e tenham a voz na construção de uma convivência hospitalaria. O universalismo apresentado como única proposta de compreensão curricular não atende aos anseios de “todos”. Assim, a noção de Lebenswelt permite elucidar o que se entende por saber de mundo. Como diz Jovino Pizzi, la palabra saber hace referencia a aspectos culturales y formas de vida, y no simplemente el dominio de datos y aspectos cuantitativos. Ese saber compartido por los sujetos es reconocido en un horizonte determinado, en donde las interacciones son vislumbradas através de sus formas simbólicas y culturales de expresarse. São os saberes diversos que rompem com a colonialidade do poder/saber que Aníbal Quijano menciona. Ao romper com a unilateralidade da compreensão de mundo, a pedagogia triangular emprega um caráter multifacetado, uma polissomia de vozes e de saberes que reforçam a formação docente aberta à convivialidade. São os outros vértices do triângulo, outras vozes, outros lugares, que se apresentam na história. Por isso, se trata de maneira propositiva, uma transformação do modus operandi, ligada a outra conformação do mapa político-econômico, filosófico e cultural-educativo. Os contornos dessa operam na pluridiversidade de saberes, de compreensões nas maneiras de compreender o mundo da vida étnico culturais.

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Biografia do Autor

  • Richele Timm dos Passos da Silva, Universidade Federal de Pelotas

    Mestre em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS-2013), Professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Pesquisadora nos grupos: a) Ética pós-metafísica e teorias da justiça: as novas democracias e os desafios da educação para a justiça – UFPEL; b) Grupo de Estudos sobre Universidade (GEU/Unemat/UFMT) – UNEMAT e c) Grupo de Pesquisa em Estudos Decoloniais - GPED – UFMS. Atua junto ao Observatório de Patologias Sociais UFPel/Capes-Print.

Referências

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HABERMAS, J. Mundo le de la vida, politica y religión. Madrid: Trotta, 2015.

PIZZI, J. Os elementos etnoculturais de uma pedagogia triangular: o caminho para a hospitalidade convivial. In: Revista Educação Pública. v. 27, n. 65/2, 2018, p. 657-673.

SALAS ASTRAIN, R. Ética intercultural: (re) leituras do pensamento latino-americano [E-book]; Tradução e revisão: Dilnéia Tavares do Coutro e Jovino Pizzi. – 2. ed. – São Leopoldo: Oikos, 2021.

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Publicado

27-12-2022

Edição

Seção

Seção Resumos

Como Citar

Silva, R. T. dos P. da. (2022). Formação docente e pedagogia triangular:: os encontros e desencontros frente a polissomia de vozes e saberes. Eventos Pedagógicos, 13(3), 610-612. https://doi.org/10.30681/reps.v13i3.6438