Diálogos decoloniais:
a concepção do bem viver em universidades e faculdades interculturais indígenas
DOI:
https://doi.org/10.30681/reps.v13i3.6460Palavras-chave:
Ciências Sociais e Ambientais., Interdisciplinaridade, Saberes ancestrais., Interculturalidade., Decolonialidade.Resumo
Vivências em cenários complexos como os que ocorrem no sistema capitalista vigente, instigam e demonstram a possibilidade de diálogos decoloniais, neste sentido o Bem Viver apresenta-se como alternativa ao desenvolvimento econômico, visto como sinônimo de crescimento e caminha para a convivência em harmonia com valorização e troca de saberes interculturais. Neste contexto, este artigo tem como objetivo analisar o campo semântico do Bem Viver associado a experiências práticas de políticas públicas de ações afirmativas interculturais indígenas em países da América Latina (Brasil, Bolívia e Equador), em contraposição à crise civilizatória. A metodologia é pautada na pesquisa qualitativa, exploratória/descritiva e na revisão teórica crítica (diálogos decoloniais, bem viver, ecoeducação, educação intercultural), com levantamento bibliográfico, documental e experiências. O aporte teórico baseou-se nos autores Ailton Krenak, Alberto Acosta, André Baniwa, Angélica Domingos Ninhpryg, Aníbal Quijano, Carlos Alberto Sampaio, Carlos Walter Porto-Gonçalves, Catherine Walsh, Eduardo Gudynas, Leonardo Boff, Liliane Schlemer Alcântara, Pablo Solón, Serge Latouche e Walter Mignolo. Os resultados apontam para experiências expressivas de educação como a das Universidades e Faculdades interculturais indígenas que demonstram a possibilidade de aproximações, de imersões e desconstruções. Neste cenário, mostra-se possível o Estado pensar na atuação do Poder Público para a criação de mecanismos e políticas públicas inclusivas pautadas em perspectivas outras que valorizem as alteridades em suas especificidades e caminhe para um lugar mais justo, equitativo no viés contra hegemônico. A pesquisa pode contribuir para reflexões, diálogos, visibilidade e respeito aos povos originários e as comunidades tradicionais; a concepção do Bem Viver e outros diálogos decoloniais.
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