As experiências do corpo em movimento das crianças pequenas: reflexões para a pedagogia da infância
DOI:
https://doi.org/10.30681/reps.v5i2.9470Resumo
O estudo teve por objetivo desenvolver argumentos que evidenciam a dimensão corpórea presente nos processos de aprendizagem das crianças pequenas. A pesquisa foi realizada com 25 crianças entre 2 e 3 anos, durante o período de 9 meses entre Abril e Novembro de 2012 num Centro de Educação Infantil no município de Sinop-MT. A metodologia foi inspirada nos preceitos da pesquisa etnográfica. Com o intuito de ampliar as possibilidades de captura das manifestações da corporeidade das crianças foi elaborado um instrumento metodológico denominado olhar tridimensional (3D), resultado da composição da abordagem fenomenológica de Merleau-Ponty (1996), a escuta sensível de Barbier (2007) e a descrição densa de Geertz (2008). Três etapas marcam o itinerário da pesquisa: as ações anteriores à imersão no trabalho de campo; a imersão no campo de pesquisa e a convivência com os sujeitos; e a etapa de distanciamento e análise dos dados. Através das observações das crianças foi possível inferir que elas constroem rotas de movimentação e a partir delas interagem e apreendem o mundo que as cercam. As rotas de movimentação se configuram numa sequência de ações que representam a interpretação do mundo pela criança, e na maioria das vezes não está centralizada na comunicação oral. Nestas situações o movimento assume um papel fundamental no processo de comunicabilidade. As rotas de movimentação são evidências da potência de aprendizagem que o corpo em movimento da criança possui. Essa inferência remete a compreensão da dimensão corpórea presente nos processos de aprendizagem. Os dados produzidos indicam que três elementos se articulam e dão sustentação às rotas de movimentação: a presença do adulto, o meio (espaço físico e social) e ação autônoma das crianças. Além destes aspectos já considerados, a experiência de pesquisa traz dois outros elementos importantes a serem considerados acerca da educação de crianças pequenas. O primeiro se refere à forma escolar presente nos ritos pedagógicos, especialmente no que diz respeito ao controle dos corpos e de como a forma escolar formata os modos de agir das adultas e das crianças. O segundo aspecto remete à dimensão ética e pedagógica do cuidado, implicando num duplo papel a ser exercido pelos adultos nos processos de aprendizagem, o que prepara o meio, organiza os espaços e ambientes propícios para o desenvolvimento e o de quem oferece a segurança e proteção. Sendo assim, o trabalho de campo reforçou a importância do tempo livre pedagogicamente preparado, como um tempo necessário para mover-se em liberdade, numa ação pedagógica pensada com e para as crianças.
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Referências
BARBIER, René. A pesquisa ação. Brasília: Líber livro, 2007.
GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: LTC, 2008.
MERLEAU-PONTY, Maurice. Fenomenologia da percepção. Martins Fontes, 1996.
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