Culturas afro-brasileiras: práticas pedagógicas com bebês e crianças pequenas

Autores

  • Circe Mara Marques Universidade Federal do Rio Grande do Sul

DOI:

https://doi.org/10.30681/reps.v6i4.9710

Resumo

Este estudo trata dos modos de apresentação das culturas afro-brasileiras a bebês e crianças pequenas em escolas de educação infantil. O propósito da pesquisa foi investigar e analisar o trabalho pedagógico relacionado às culturas Afro-brasileiras que estão sendo realizados para implementar as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI), de 2009. Segundo o Art 7º, inciso V, desse documento, as Propostas Pedagógicas devem estar comprometidas com o rompimento das relações de dominação diversas, inclusive, étnico-racial. A coleta de dados foi efetivada pelas estudantes do curso de Pedagogia do Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha, no primeiro semestre de 2015, em onze escolas de educação infantil, públicas e privadas, da grande Porto Alegre. Tal investigação foi organizada em dois momentos, sendo que no primeiro houve uma investigação empírica abarcando observações nas turmas de berçário e entrevistas semiestruturadas com as professoras e gestoras. Em um segundo momento as estudantes retornaram às escolas e desenvolveram práticas pedagógicas voltadas à cultura Afro-brasileira nas turmas pesquisadas. Os resultados da pesquisa mostraram que a maioria das escolas não contempla essa temática racial em seus projetos pedagógicos e, além disso, as gestoras e professoras conhecem muito vagamente as DCNEI. Com relação ao espaço e aos materiais foi constatado que, praticamente, não há imagens de pessoas negras nas paredes das escolas e, em algumas delas, nenhuma boneca negra no acervo de brinquedo disponível para as crianças brincarem. As professoras e gestoras entrevistadas afirmaram que não ocorrem problemas raciais na educação infantil e justificaram que as crianças de 0-3 são pequenas e não percebem tais diferenças. Esse discurso evidencia uma concepção superada de infância a qual desconsidera a potência dos bebês e suas possibilidades de interagir e aprender o mundo. Algumas escolas pesquisadas desenvolvem ações promotoras de igualdade racial em momentos pontuais do calendário nacional, em comemoração ao Dia da Abolição da Escravidão e Dia da Consciência Negra, enquanto que em outras esse trabalho não é realizado porque não há alunos negros. As práticas pedagógicas desenvolvidas pelas estudantes de Pedagogia, no segundo momento da pesquisa, mostraram que as crianças de 0-3 anos exploram com curiosidade os diferentes brinquedos e materiais didáticos que remetem à cultura afro-brasileira. Por fim, esse estudo sinalizou a importância de que sejam ampliadas, nos cursos de formação de professores, as discussões que tratam sobre a potência dos bebês e sobre a importância da inserção de práticas promotoras de igualdade racial no cotidiano das escolas.

Palavras-chave: Educação infantil; igualdade racial; bebês.

 

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Biografia do Autor

Circe Mara Marques, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Pós-doutoranda em Educação pela UFRGS; Doutora em Educação pela URRGS; Mestre em Teologia pela Escola Superior de Teologia (EST/SL). Porfessora no curso de Pedagogia do Complexo de Ensino Superiro de Cachoeirinha.

 

Referências

BRASIL. Resolução CNE∕CEB nº 5/2009. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Conselho Nacional de Educação. Brasília, DF: Diário Oficial da União, 18 dez de 2009.

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Publicado

11-11-2015

Como Citar

Marques, C. M. (2015). Culturas afro-brasileiras: práticas pedagógicas com bebês e crianças pequenas. Eventos Pedagógicos, 6(4), 317–318. https://doi.org/10.30681/reps.v6i4.9710