Fazendo a feira: estudo das artes de dizer, nutrir e fazer etnomatemático de feirantes e fregueses da Feira Livre do Bairro Major Prates - Montes Claros / Minas Gerais
DOI:
https://doi.org/10.30681/reps.v8i1.9962Resumo
O cenário central da madrugada de domingo no bairro Major Prates em Montes Claros, norte de Minas Gerais, é adornado por múltiplas estruturas que possibilitarão a realização de mais um dia de feira. Dominicalmente, erguem-se sobre o asfalto da Avenida Castelar Prates, estruturas de metal que formam as bancas de hortifrutigranjeiros, carnes, flores, biscoitos, artesanatos e tudo quanto há que possa ser trocado ou comercializado, bem como “arranjos” improvisados dos que chegam para negociar, mas não têm espaços em barracas. As atividades desenvolvidas no interior da feira – comerciais ou culturais – provocam a construção de territórios delimitados materialmente ou circunscritos simbolicamente (PIERRE BOURDIEU). A presente pesquisa teve como objetivo identificar os saberes e fazeres, dos feirantes e fregueses que “fazem a feira” do bairro Major Prates em Montes Claros/ Minas Gerais, construídos na cotidianidade e que contribuem para suas atividades na Feira. Por meio da observação das relações tecidas naquele espaço, desenvolveu-se uma investigação sobre as práticas cotidianas no contexto da Feira livre a partir da análise das artes de dizer – jocosidades, risos e performances para atrair os fregueses – de nutrir – gestos de escolhas e manipulação da matéria – e de fazer etnomatemático – modo peculiar de medir, calcular, estimar, arredondar, que possibilita aos feirantes a resolução de seus próprios problemas ao “fazer a feira”. Fez-se uma análise qualitativa dos gestos e vozes dos sujeitos que “fazem a feira” que evidenciam uma utilização eficiente de conceitos matemáticos em sua prática comercial cotidiana. A plataforma teórica da pesquisa firmou-se nas teorias de Michel de Certeau, Ubiratan D’Ambrosio, Gilbert Durand, Marcel Mauss e outros teóricos que fazem a leitura da cotidianidade e as práticas enredadas na Feira livre. Verificou-se que os saberes e fazeres de feirantes e fregueses, na prática dominical de “fazer a Feira” são resultado da construção de um processo tecido em suas atividades – comerciais ou não – por meio de suas interações e trocas na produção do espaço urbano da cidade. A partir dessa pesquisa, inscreveu-se um novo olhar para o conhecimento matemático, aquele não convencional ou formal, praticado em outros espaços que não sejam os escolares. Constatou-se que a Feira do Major Prates tem se consolidado por sua vocação marcadamente hortifrutigranjeira, bem como pela possibilidade de convivência familiar das pessoas que a frequentam para se nutrir, se divertir e para trabalhar. As atividades ali desenvolvidas – comerciais ou não – impactam a vida de seus frequentadores por meio da dinâmica socioeconômica ali instalada: os sujeitos sociais daquele território vendem seus produtos, se nutrem do que é oferecido ali mesmo e compartilham saberes e fazeres, que fazem a Feira forte, pois, ela tem se expandido a cada ano.
Palavras-chave: etnomatemática; feira livre; práticas cotidianas.
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