Riscos e estratégias de sobrevivência: flanelas e malabaristas

Autores

  • Juliano Batista dos Santos Instituto Federal de Mato Grosso

DOI:

https://doi.org/10.30681/reps.v7i3.9868

Resumo

O presente texto é o resultado de estudos sobre os riscos e estratégias de sobrevivência desenvolvidas por flanelinhas e malabaristas no município de Cuiabá em Mato Grosso que, por antropomorfização, transformam, mesmo que por um breve período, os não-lugares em lugares de trabalho informal, cujas performances operam, diariamente, como contrafluxo aos projetos modernistas (sociais e urbanos), propostos como solução à humanização de todos os sujeitos. O problema é que nem todos os indivíduos são absorvidos por tais projetos; consequentemente, os exclusos, a todo momento, contrariando a ideia durkheimiana de consciência coletiva, procuram, cada um à sua maneira, garantir seus compromissos financeiros através do perigoso jogo de colocar em risco a própria vida. Para compreender tais ações, as mesmas foram vivenciadas e refletidas no contexto das relações entre informalidade, cidade, cotidiano e consumo, já que, no dia a dia, a prática das artes de fazer, como astúcias eficazes à superação das dificuldades econômicas, revelam que, a cada novo dia, em meio às múltiplas maneiras de pressionar dinheiro, há, às margens da sociedade, grupos neotribalistas de indivíduos que, apesar de sufocados pelo inevitável ciclo do trabalho-dinheiro-consumo, buscam superar o estigma goffmaniano de exclusão social, sem, contudo, infringirem regras morais e/ou legais, mas obrigatoriamente ressignificando os espaços topológicos e tópicos da cidade a partir de representações que, quando adaptadas às fachadas sociais disponíveis, são muitas vezes julgadas como inadequadas às normas vigentes, fato que, na perspectiva pós-moderna, opera como contestação do conceito de dualidade própria das sociedades binárias, possível somente de serem realizadas no cotidiano, ou seja, naquilo que é aparentemente inútil ou insignificante aos arquétipos da razão instrumental. Dito de outro modo: o presente texto revela as maneiras como os “cuidadores” de veículos automotores se apropriam de um local público e transformam sua posse em uma região de domínio perante os transeuntes, bem como identifica os principais cruzamentos com sinais vermelhos utilizados pelos artistas de rua na prática do malabarismo em Cuiabá, acompanhados da descrição das artes circenses, especificidades e modalidades que dominam. Portanto, a preocupação central deste estudo foi entender, por meio de observação participativa e etnografia, como as ruas e avenidas públicas se transformam em estacionamentos privados e como as faixas de pedestres abaixo dos semáforos se tornam palcos circenses.

Palavras-chave: representações; estratégias; cotidiano; flanelas; malabaristas.

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Biografia do Autor

  • Juliano Batista dos Santos, Instituto Federal de Mato Grosso
    Bacharel e licenciado em Filosofia pela Universidade Federal de Uberlândia (2007). Especialista em Educação do Campo pelo Instituto Federal do Mato Grosso (2011). Mestre em Estudos de Cultura Contemporânea na Universidade Federal do Mato Grosso (2015). Doutorando em Estudos de Cultura Contemporânea na Universidade Federal do Mato Grosso. Professor de Filosofia no Instituto Federal de Mato Grosso, Campus Cuiabá. Membro do grupo de estudos Banalidades Cotidianas (BaCo).

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Publicado

12-12-2016

Como Citar

Riscos e estratégias de sobrevivência: flanelas e malabaristas. (2016). Eventos Pedagógicos, 7(3), 1376-1377. https://doi.org/10.30681/reps.v7i3.9868